Morres de fraco? Morres de atrevido
VIII
Aflito coração, que o teu tormento,
Que os teus desejos tácito devoras,
E ao doce objeto, ás perfeições adoras,
Só te vás explicar co(m) pensamento.
Infeliz coração, recobra alento,
Seca as inúteis lágrimas, que choras;
Tu cevas o teu mal, porque demoras
Os vôos ao ditoso atrevimento.
Inflama surdos ais, que o medo esfria;
Um bem tão suspirado, e tão subido,
Como se há de ganhar sem ousadia?
Ao vencedor afoute-se o vencido;
Longe o respeito, longe a cobardia;
Morres de fraco? Morres de atrevido.
Manoel Maria Barbosa du Bocage
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