Poesia em homenagem a Isidore Ducasse
Eu vi Maldoror passar com os seus anjos malignos,
Eu vi Maldoror passar montado no seu cavalo, seguido do seu buldogue,
Eu vi Maldoror passar nas ruas de Paris.
A lâmpada de bico de prata, parada, ficou brilhando,
Por baixo da Ponte Maria.
Depois de um inverno rude de remorsos,
Eu enfim recebi um beijo de primavera,
Vindo na placidez dos rios tranqüilos
Através desta terra idílica e francesa.
Que faz Maldoror terrível nesta cidade de Santa Genoveva
Agora que estão vibrando os sinos de São Germano?
Agora que os sinos estão saudando o dia da Assunção?
Maldoror, Maldoror, vai para o mar.
Passei ao longo dos rios bons, estive entre as árvores eternas
Deste bosque dourado onde o hermafrodita está dormindo
Rodeado de flores!
Ouvi palavras amargas nas vozes do dia,
Caminhei longamente nos tempos futuros,
Vi rostos felizes, sorrindo, debruçados
Nas margens da rua,
Por onde levava a minha alma repleta
De votos de esperança, de atos de poesia.
Maldoror, Maldoror, vai para o mar.
Paris, 1938
Joaquim Cardozo
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