Usina
Como um punhado de estrelas dentro da noite,
as casas dos empreiteiros
perdem-se na festa verde
das espátulas compridas do canavial contente ...
E, ondulando, farfalhando,
o canavial se estende interminavelmente,
como um sonho esmeráldico de fartura,
da usina,
que, no centro,
estridula e apita e jazzbandiza ferros,
numa alucinação fantástica de mil músculos de aço
tinindo e retinindo, zoando e retumbando no abandono do vale.
Macabra mistura de polias, cordames, manivelas e rodas dentadas, furiosamente, diabolicamente, alucinadamente ...
Na baixada, como dois braços sondando as estrelas,
as duas chaminés contemplativas se empertigam.
1929.
Eurico Alves
(poeta baiano 1909/1974)
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