quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma Falsa Reputação


É o chamado individualista. E é dos individualistas que quero falar; dos sujeitos “bem sucedidos” que se acham acima de todos os outros homens. Uma rara espécie de homens que se acham encastelados em algum tipo de masmorra mental. Eles existem, acreditem.
Os que me interessam são os homens públicos, e em particular os que estão na política. E como estamos em período eleitoral, essas figuras meio “autistas” puseram a cara para fora. São candidatos a cargos eletivos que gozam, muitas vezes, de um prestígio construído por marketeiros, embora não pareça que sua imagem seja construída por profissionais. Sua austeridade, sinceridade e honestidade não passa de um embuste construído passo a passo, e que não corresponde à realidade. Nesse período de eleições, esses cidadãos descem do pedestal e vão procurar eleitores em todos os lugares, até em cozinhas e dentro de banheiros. Nenhum lugar é “insalubre” quando se trata de arrebanhar votos.
É preciso ter cuidado com esses candidatos. Esses homens não conseguem comunicar-se com as pessoas, seus círculos fechados os transformaram em uma espécie de lunáticos. Eles vivem da mentira e da empulhação. Quando em atividades públicas, ostentam sorrisos forçados, não param quietos, não conseguem sentar-se, não encaram ninguém e não se comprometem com nada, apenas prometem. Interagir com as pessoas, sentar com elas e conversar com elas, não é o forte deles. Seu instrumento de trabalho é a televisão, o jornal e a Internet, lugares onde produzem factóides, ações fictícias, existentes apenas em suas mentes doentias.
Quando as pessoas descobrem o quão artificial e fictício é o seu candidato admirado – o velho conflito entre realidade e aparência – vem à decepção. Somente uma sondagem com seus colaboradores, ex-colaboradores, membros da família, vizinhos e pessoas que rodeiam esses políticos é que se conhece a verdade sobre eles.
Em “O Mercador de Veneza” temos uma cena em que o entristecido Antônio é admoestado por um amigo: “meu caro Antônio, não pesques com a isca da melancolia, esse engodo dos tolos, uma falsa reputação”. Falsa reputação, esse é o grande segredo. Eles jogam a isca, nós somos fisgados por eles. Muitos homens públicos têm uma imagem falsa que precisa ser desmontada. O melhor momento de arrancar-lhes as máscaras é esse, o das eleições. É preciso expulsá-los da vida pública para que seus sórdidos comportamentos não republicanos não causem mais dano ao patrimônio público. Está na hora, vamos à caça deles!

Theófilo Silva é autor do livro “A Paixão Segundo Shakespeare”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário