sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Nunca e nem será melhor que o Brasil - Educação Cívica é o que deixaram de ensinar no Brasil de hoje - "Cronica"

A civilizada Europa

Ciduca Barros
O que está havendo com o brasileiro de hoje? Nenhum orgulho, nenhum ufanismo por sua terra, por seu país. Quem são os culpados? Nossos próceres que são desprovidos de bons exemplos? Ou as escolas que deixaram de ensinar educação moral e civismo? 
Quem, da nossa geração, não se lembra de que estudávamos educação moral, ética, civismo e até etiqueta? Lembram-se de quando, no pátio do colégio, naquelas importantes datas nacionais, hasteávamos a bandeira nacional, perfilados e sérios? Como sentíamos um orgulho danado de sermos brasileiros. 
Não queremos dizer que isto nos tornou homens e mulheres melhores – existem inúmeros canalhas da nossa geração –, mas acreditamos que aqueles ensinamentos e atitudes estejam fazendo falta ao povo brasileiro.
Nós, brasileiros, saímos do recente pleito eleitoral com o nosso sentimento de ufanismo abaixo de zero. Estamos vendo e ouvindo cidadãos, que nos pareciam sérios e equilibrados, fazerem as mais absurdas declarações de desamor à nação. Estamos vendo e ouvindo pessoas, que são formadoras de opinião, deblaterarem contra as demais de uma maneira bestial e chocante. 
Estamos vendo e ouvindo pessoas, que se dizem educadas e gentis, sugerirem imbecilmente que separemos o Brasil em dois. Separar o Brasil em dois brasis? Existe afirmação mais idiota do que esta?
Estava caminhando num parque público da nossa cidade, onde ali também caminhavam várias pessoas. De relance, ouvi um cidadão, de aspecto distinto, porém desgostoso com o rumo recente dos acontecimentos políticos, dizer o seguinte desvario: “Se aqui fosse a Europa isto não aconteceria. Já estivemos várias vezes lá e sei que tudo no velho mundo é educado e civilizado. Nem parece o Brasil”. 
Ele se calou, outro cara emendou: “É verdade, ali sim é que é um povo civilizado”. Parecendo até algo orquestrado, outro cidadão, com jeito de um dócil avô, bombardeou: “É, o Brasil é uma merda mesmo”. E parecendo falar pelo grupo todo, desfechou: “Civilizados mesmos são os países europeus”.
O meu amor à pátria, que, infelizmente, o passar dos anos, as recentes eleições presidenciais, nem os péssimos políticos ainda conseguiram reduzir, ficou chocado com aquelas bobagens advindas de pessoas que, aparentemente, pertencem à minha geração. 
Daí, intimamente, fiquei a imaginar se aquele grupo insatisfeito sabia o que trouxera a família real portuguesa para o Brasil. Lógico que deve saber: fugindo de Napoleão Bonaparte. Gostaria de lembrá-los que aquele entrevero ocorrera na Europa. No século XIX, na maravilhosa Europa, um cara europeu, desejoso de poder e glória, saiu invadindo nações e matando gente. Existe alguma civilidade nisso?
Gostaria de perguntar àquelas pessoas se sabem quantas foram as guerras mundiais. Claro que ele sabem: duas. Então, gostaria de lembrá-los de que ambas as guerras envolveram os civilizados países europeus. Na segunda delas, um civilizado imbecil europeu, também desejoso de poder com ideias assassinas, conseguiu levar mais de 70 milhões de pessoas à morte, além de ter cometido o maior genocídio que o mundo conhece. Que povo civilizado é esse? Num quadro mais recente, gostaria também de lembrá-los dos gravíssimos conflitos ocorridos na Bósnia, na Sérvia, na Chechênia e em outros países menos votados, onde morreram milhares de pessoas – afora os que se encontram inválidos – todos localizados na admirada Europa. 
Existem guerras civilizadas? Para não aborrecê-los ainda mais, gostaria de lembrar aos insatisfeitos com o Brasil, aqueles bestiais atos terroristas (bombas em trens, escolas e metrôs), ocasiões em que morreram e ficaram mutiladas centenas de pessoas inocentes: nas modernas Rússia, Espanha e Inglaterra. Onde estão situados esses civilizados países? 
Repensemos nossas palavras vãs e nossas atitudes impensadas, antes de desmerecermos a nossa nação, chamando-a de incivilizada ou querendo dividi-la em duas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário