O eleitor não está nem aí.
22/10/2014 - 08h02
Ricardo Noblat
Dilma guardou silêncio por mais de mês sobre o escândalo de corrupção que reduziu à metade o valor da Petrobras.
O escândalo tem a ver com o desvio de recursos para enriquecer políticos que apoiam o governo e financiar campanhas. A de Dilma, inclusive.
Por que na semana passada, finalmente, Dilma avisou a jornalistas que a entrevistavam: “Houve desvio, sim!”?
Primeiro: o desgaste de continuar fingindo que desconhecia o escândalo estava pegando mal junto a formadores de opinião.
Segundo: Dilma se sentiu confortável para reconhecer o escândalo ao saber que políticos do PSDB também meteram a mão na grana da Petrobras.
Ora, se todos roubam por que não podemos roubar? Se todos são uns pilantras por que não podemos ser?
E daí?
Daí, nada.
Salvo uma parcela do eleitorado que baba de raiva quando ouve falar em roubalheira, o resto está pouco se lixando. Parte do pressuposto de que todo político é ladrão. E de que só nos resta aturá-los.
O mensalão 1, o pagamento de propina a deputados federais para que votassem como queria o governo, fez tremer o governo no segundo semestre de 2005. Lula chegou a pensar em desistir da reeleição.
O primeiro semestre do ano seguinte começou com a recuperação da popularidade de Lula. O segundo terminou com a reeleição de Lula com larga vantagem de votos sobre Geraldo Alckmin (PSDB).
João Vaccari, tesoureiro do PT e representante da campanha de Dilma junto à Justiça Eleitoral, está metido até o último fio de sua quase careca na corrupção que ameaça engolir a Petrobras.
Vaccari foi nomeado por Dilma para o Conselho Administrativo da Itaipu Binacional. Ganha R$ 20 mil para participar de duas reuniões mensais.
- A senhora confia em Vaccari? Confia? – perguntou Aécio a Dilma no debate da TV Record.
Dilma fez que não ouviu.
Desde que façam alguma coisa pelos mais pobres, os políticos poderão continuar roubando à vontade.
Corrupção custa caro (Imagem: Arquivo Google)
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