segunda-feira, 18 de julho de 2011

Continuidade

Existe um cão que ladra quando eu passo,
como se visse um bêbado, um mendigo.
E, no entanto, esse cão foi meu amigo
como tantos amigos que ainda faço.
 

À noite, com que alegre estardalhaço
vinha encontrar-me no portão antigo,
enquanto a dona vinha ter comigo
e, sorrindo, apoiava-se ao meu braço.
 

Hoje ele faz a outro a mesma festa
e ela o mesmo carinho, tão honesta
como se nem notasse a transição
 

Eu rio dessa triste brincadeira
mas quando uma mulher é traiçoeira
não se pode confiar nem no seu cão...

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