A presidente Dilma Rousseff gastou seus primeiros sete meses de mandato para arrumar a casa, escusa para ter feito exatamente nada até agora. Alguém menos influenciado pela estupefação oficial pode fazer a pergunta inevitável: mas o período anterior não era praticamente dominado por ela e não foi uma sequência de mandatos nunca vistos na história deste país, ao menos desde a chegada dos portugueses?
Qualquer resposta é atribuída pelo grupo do Palácio à oposição que ainda não introjetou a derrota ou à mídia golpista a inventar desculpas para criticar o melhor modelo de administração pública do planeta.
É o bis do sofrimento nacional, com o desfalque dos cofres e a inanição enquanto se aguarda o desfecho, se descoberto – até agora, fala-se no máximo em demissões, nada de devolução de dinheiro ou reprimenda penal.
No papel de Mãe do PAC, se fez candidata mesmo recém-chegada ao petismo e se elegeu na esteira de Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, além de tributo ao messianismo em vigor (e muito vigor). O programa, por ela comandado como ministra e mantido como presidente, foi vendido como acelerador de crescimento e revelado como paralisante da infraestrutura.
Não havia sido feita metade da primeira etapa, lançou-se a segunda e estacionou de vez no pântano com as denúncias de malfeitorias em sua sede, o Ministério dos Transportes.
O filho bonito foi enrolado em papel de imprensa e, com a faxina empreendida pela mãe, jogado em alguma lata de lixo da Esplanada. O pai elogia a limpeza, com a costumeira desfaçatez de não assumir que a sujeira vista no olho do furacão da outra se produziu e espalhou debaixo de suas barbas.
(continua)Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)
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