O atual salário mínimo nacional é de R$ 678, em vigor desde janeiro deste ano. No entanto, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), esse valor fica bem abaixo do ideal para cobrir as necessidades básicas dos brasileiros. O órgão estipula o valor de R$ 2.824,92 como o salário mínimo necessário para os trabalhadores.
O valor foi calculado com base nos preços da cesta básica durante o mês de março. O número é superior ao apresentado no mês passado, quando o salário mínimo necessário era de R$ 2.743,69.
O economista e professor Leonildo Tchapas, do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), explica que o salário mínimo atual é insuficiente para atender as necessidades dos trabalhadores. No entanto, ele é coerente com a realidade econômica e estrutural do país.
"O salário mínimo deveria atender todas as necessidades listadas pela Constituição Federal. Todavia, a legislação esqueceu de dizer de onde deveriam tirar esse dinheiro para suprir as necessidades. O valor depende da produtividade do país. Acontece que o Brasil é um país que produz pouco. Por esse motivo, o salário mínimo é tão baixo", explica o economista.
"As empresas já reclamam do valor atual e algumas já ameaçam fechas as portas. Dessa forma, se o valor do salário mínimo fosse maior, quebraria o país como um todo", afirma.
Segundo Leonildo Tchapas, o que mais pesa para os trabalhadores é a alimentação. "Para grande parte dos trabalhadores, o item que mais pesa é a alimentação, principalmente para aqueles que recebem pouco. Para piorar, estamos passando por um momento de seca e os alimentos estão muito caros", destaca o economista.
Os dados apresentados pelo Dieese revelam que o salário mínimo no Brasil está abaixo do ideal desde o início do Plano Real. Quando foi implantado, em julho de 1994, o salário mínimo era de R$ 64,79, quando o ideal era de R$ 590,33. O valor do salário mínimo atual de R$ 678 era o necessário para suprir as necessidades básicas do trabalhador em setembro de 1994.
Trabalhadores demonstram insatisfação com o valor do salário mínimo atual
Os trabalhadores mossoroense não estão satisfeitos com o valor do salário mínimo atual. Segundo o motorista Gilberto Júnior, o valor de R$ 678 seria ideal, caso a inflação fosse controlada. "Se os preços dos produtos não subissem tanto, não seria necessário subir o salário. No entanto, da forma como está o salário não supre todas as necessidades", explica.
O motoboy Eduardo Antônio também culpa a inflação pelo baixo poder de compra dos trabalhadores. "Antes de os salários aumentarem, tudo já começa a subir. O salário mínimo atual é fora da realidade, principalmente em virtude da alimentação. O preço dos alimentos está muito alto e pesando muito no bolso dos trabalhadores", afirma o motoboy.
O mototaxista Jean Carlos não concorda com o valor atual do salário mínimo. "Bastava controlar a inflação para não precisar aumentar tanto. No entanto, do jeito que está é muito difícil manter uma família, principalmente com os gastos com alimentação, que só vêm subindo", comenta.
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