terça-feira, 11 de setembro de 2012

Rejeição eleitoral: essa maldição tem cura?



Por Viriato Moura* 

A rejeição é um dos sentimentos mais terríveis experimentados pelo ser humano. E não dá para escapar dele: em algum momento de nossas vidas o vivenciamos em algum grau. Consiste em sentir-se não aceito, não querido, preterido, discriminado, e até humilhado.

A rejeição fere, por vezes gravemente, a autoestima. Há casos tão severos que provocam marcas indeléveis.

O rejeitado, num imediato mecanismo de defesa, acha-se injustiçado. Mesmo que conheça o motivo que o levou a essa condição, não o reconhece como suficiente para tanta repulsa.

Como estamos em tempo de campanha eleitoral, voltemos nosso foco para o índice de rejeição a candidatos.

Para começo de conversa, ao bater na autoestima, a rejeição provoca reações diversas tanto nos candidatos que rejeitamos como nos eleitores. Nestes, principalmente se estão indecisos.

Quanto ao candidato rejeitado, a rejeição eleitoral não mexe somente com seus sentimentos, seu brio. É o pior que pode acontecer com ele no que tange às suas pretensões. Quem rejeita atesta, em tese, que tem motivos suficientes para não votar no candidato. E o que mais quer um candidato em campanha é, por óbvio, convencer as pessoas a votar nele.

Quanto ao eleitor, como se sabe, não gosta de votar em perdedores. E o índice de rejeição não deixa de ser uma derrota anunciada. Por isso, esse índice tende a aumentar se não forem tomadas providências convincentes por parte do rejeitado.

Quais as razões que levam o eleitor a rejeitar um candidato? As mesmas que levam qualquer pessoa a rejeitar a outra. Ou seja, motivos procedentes e improcedentes. Elencar todos eles seria uma pretensão de quem não conhece gente. Gente é complicada nesse sentido – e em muitos outros também! Porque as pessoas nem sempre são rejeitadas pelo que verdadeiramente são. O que conta, na maioria das decisões de rejeitar, é a aparência. Há pessoas com quem jamais se trocou meia dúzia de palavras, ou até nunca se conviveu ou não se sabe informações que nos autorizem julgá-la, mas, mesmo assim, concluímos que é antipática, truculenta, incompetente, e por aí vai.

Outra motivação de rejeição é a que podemos chamar de rejeição por vínculo. O simples fato de alguém ser parente, amigo ou que se relacione com quem rejeitamos pode ser motivo suficiente para que o rejeitemos também. No caso da política, o apoio de pessoas ou partidos rejeitados pelo eleitor a determinado candidato tende a lhe transmitir rejeição. Nesse caso, a atitude do eleitor se justifica porque ele acredita (e com razão) que esses vinculados com o candidato que rejeita podem influenciar em suas decisões, em seus atos se ele eleito for. Ou seja, rejeição eleitoral é uma doença que pega. E pega feio porque quando entra no candidato para sair é difícil.

Entretanto, não se desesperem candidatos rejeitados. Nem tudo está perdido. Estamos em pleno século 21 e as ciências da cura evoluíram bastante. Caso seja essa a sua condição no momento, procure ajuda de quem possa identificar o motivo ou os motivos que levaram alguns eleitores a o rechaçarem. Desde logo, um conselho: o primeiro passo é aceitar o que pessoas de sua confiança, que devem ser, de preferência, competentes para fazer essa avaliação, lhe disserem. É evidente que ninguém se sente à vontade sabendo de seus defeitos (ou supostos defeitos), mas não tem outro jeito. Aceite que precisa mudar algo no seu modo de se apresentar aos eleitores, e mude, ou os convença de que está com a razão se quiser baixar seu índice de rejeição. O mais rápido possível. Por vezes, é preciso apenas esclarecimentos didáticos que o povo em geral possa entender e, assim, alterar algum conceito negativo sobre você. Não esqueça que um bom marqueteiro numa hora dessas é providencial. Eles existem para isto: convencer os eleitores que o candidato para quem trabalham são os melhores A não ser que seu caso de rejeição seja intratável, incurável – o difícil é convencê-lo disso.

Exceto nos casos extremos - aqueles em que o eleitor está coberto de razão -, o rejeitado não precisa açoitar sua autoestima a ponto de desistir de tentar reverter a situação. Saiba (isto talvez lhe sirva de alento) que você pode ser rejeitado justamente por suas virtudes, por seus méritos, por suas conquistas. De repente, é esse seu sucesso na vida que incomoda aos que preferem rejeitá-lo a admirá-lo. Se esse for o seu caso...

Rejeitados injustamente, reajam! Ainda dá tempo.

*Viriato Moura é médico, diretor-presidente do Complexo Hospitalar Central, membro da Academia de Letras de Rondônia, presidente da Academia de Medicina de Rondônia.

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