“A ética para mim não tem sido só palavras, mas exemplo de vida inteira”.
“Só a paixão da vida pública me afasta do meu bem-estar social. Avalio a dimensão do sacrifício pessoal que estou fazendo”
(José Sarney, o Puro)
Platão fez Apologia de Sócrates; Sarney faz apologia de si mesmo no discurso de posse como presidente do Senado, pela quarta vez.
Aristóteles nos deixou Ética a Nicômaco, Sarney nos lega a sua “ética” como “exemplo de vida”.
Ruy Barbosa, patrono do Senado, era o parlamentar com mais tempo naquela Casa do Congresso; Sarney não se peja de invocá-lo para dizer que já superou o tempo de permanência de Ruy (que deve ter se revirado no túmulo). Um só dia de Ruy no Senado vale muito mais do que todos os anos da vida política de Sarney.
Sarney é a encarnação do que há de mais retrógado e lastimável na política brasileira. Atual senador pelo pobre Amapá (estado em que jamais residiu), continua a manter o feudo maranhense e sua fundação custeada com recursos públicos. Iniciou sua carreira na chamada banda de música da velha UDN; foi um dos próceres da Arena, partido de sustentação da ditadura militar, de cujo barco tratou de saltar logo que começava a naufragar, baldeando-se para a oposição. Caiu-lhe no colo a presidência da República, e hoje é aliado do PT!
A única boa nova do seu escárnio em forma de discurso, é a de que este será seu último mandato.
Será?
Antonio Carlos Augusto Gama
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