sábado, 19 de fevereiro de 2011

Poema

Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho 
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além, 
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito; 
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa

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