Ele acompanha-a nos momentos de solidão e fá-la recordar aquela que ela fora nos braços dele. Fugaz e passageira foi a sua presença num outro tempo e espaço mas deixou um rasto no corpo dela que jamais vibraria com a mesma intensidade e calor; uma chama na alma dela que cessou de a iluminar.
Ele reacendeu a juventude e a loucura no seu espírito sedento de paixão. Foram escassos encontros que perduraram na sua memória apesar do abandono, da ausência e da distância. E talvez mesmo por isso a lembrança ficou. Lembrança dos odores, dos sentires, dos pequeninos grandes nadas que pertencem aos amantes e que são indescritíveis. Lembrança das mãos esguias dele a contornarem-lhe a face; a acariciarem-lhe os seios; a pressionarem-lhe as nádegas; a descobrirem-lhe o corpo em abandono; a revolverem-lhe os cabelos. Lembrança da voz dele sussurrada ou excitada. Lembrança do corpo dele afundado no dela em espamos de delírio. Lembrança das noites sem sono aninhada nele, inalando o seu perfume e sentindo a macieza doce da sua pele. Lembrança do arrebatamento que ele provocava nela, quer estivesse presente ou ausente. Lembrança da boca dele a deixá-la perdida na volúpia dos seus beijos.
Hoje ele personifica o que ela deseja que a Vida lhe devolva. E em cada encontro com um outro homem ela está a analisar e a comparar a sua maneira de sentir. Sem querer. Quase inconscientemente. Só mais tarde se dá conta. Quando dá pelo vazio, pelo desânimo, pela nostalgia e tristeza.
Aquele sentir de outrora nunca foi recuperado.
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