Imitação de Cristo
O velho padre, durante anos, havia trabalhado fielmente com as pessoas pobres da Amazônia, mas agora estava morrendo no Hospital de Base de Brasília. De repente, ele faz um sinal para a enfermeira, que se aproxima.- Sim, padre? - diz a enfermeira.
- Eu queria ver o presidente Lula e a Dilma Roussef antes de morrer - sussurrou o padre.
- Acalme-se, verei o que posso fazer - respondeu a enfermeira.
De imediato, ela entra em contato com o diretor do hospital de plantão e este com o Palácio do Planalto e com o comitê da campanha de Dilma. Ah, claro que o Presidente e sua patrocinada não iriam perder uma chance daquelas, um padre às vésperas da morte querendo receber as bênçãos de Lula e o sorriso iluminado de Dilma!
A caminho do hospital, Dilma disse a Lula:
- Eu não sei por que o velho padre quer nos ver, mas por certo isso vai ajudar a melhorar nossa imagem perante a Igreja, nós que sempre enfrentamos embaraços com ela.
Lula concordou, mas argumentou que ele sempre se dera bem com a Igreja, que fora a Igreja que construiu a imagem dele, junto com a imprensa, coisa e tal. De qualquer forma, era uma grande oportunidade para eles e até um comunicado oficial à imprensa sobre a visita já tinha sido expedido.
Quando chegaram ao quarto, o velho padre pegou a mão de Lula com sua mão direita e a mão de Dilma Roussef, com sua esquerda. Houve um grande silêncio, todo mundo com ar compungido, sentia-se no ar um halo de pureza e, no semblante do padre, toda a serenidade celestial. Então Dilma Rousseff, com aquele ar beatífico só comparável ao de Nossa Senhora, falou:
- Padre, porque fomos os escolhidos, dentre tantas pessoas, para estar ao seu lado no seu final?
O velho padre, lentamente, falou:
- Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Amém, disse Lula.
- Amém, disse Dilma Roussef.
- E como Ele morreu entre dois ladrões, eu queria fazer o mesmo. Só não sei quem, entre vocês dois, eu devo perdoar.
Antonio Romane
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