Fábio Fabrini e Roberto Maltchik, O Globo
Criado para levar água ao sertanejo e melhorar suas condições de vida, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) completou cem anos com o orçamento turbinado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas estrutura raquítica para executá-lo e frear irregularidades.
Auditoria recém-concluída pela Controladoria Geral da União (CGU) sobre as atividades de 2009 - ano do centenário - revela que obras e até serviços de bufê têm sido superfaturados.
Quando saem do papel, açudes para matar a sede do nordestino são cavados onde não mora ninguém. Locais tão despovoados quanto o próprio Dnocs, cuja maioria do pessoal debandou nos últimos anos sem que houvesse reposição. Quem ainda não foi embora estará apto a se aposentar em oito anos.
No Ceará, a segunda etapa do projeto de irrigação de Tabuleiro de Russas, obra estratégica para impulsionar a fruticultura e garantir emprego à população, esbarra em suspeitas de superfaturamento de R$ 5,9 milhões na compra de tubulações de ferro fundido.
Em razão das irregularidades, a conclusão da obra, orçada em R$ 100 milhões, patina há oito anos, e só agora, após uma longa batalha entre o Dnocs, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a CGU, o orçamento do projeto está sendo reavaliado.
Os órgãos de controle poderão exigir o cancelamento do contrato, o que retardaria mais ainda a chegada da água.
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