quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Verdade nua e crua

“Quero saber a verdade nua e crua”, ouvi um sujeito dizer para outro, na rua. Quase parei para aconselhá-lo a não fazer isso. Porque, convenhamos, uma verdade sem roupa para enfeitá-la tem de ser bonita a toda prova. Escancarada em sua nudez, precisa causar impacto de deslumbramento, de maravilhosa revelação, sem nenhuma sobra de dúvida, de desconfiança. Uma verdade em pelo ou faz a felicidade de uma pessoa ou a desgraça. Não há meio termo. Ou é 8, ou 80. E se, ainda por cima, for, como o sujeito em questão pediu, crua, aí os problemas aumentam. Se não for agradável, uma verdade crua é indigesta, prejudica o fígado, o intestino, causa dor de cabeça e outras dores piores. 
Portanto, para ouvi-la nua e crua, temos de nos preparar para o que der e vier, ser destemidos, sabendo que poderemos nos decepcionar profundamente caso ela não corresponda as nossas expectativas, desejos e esperanças. Tomara que o homem que exigiu do outra a verdade nua e crua soubesse o que estava fazendo, tivesse consciência do risco que iria correr, para, no caso de ouvir algo negativo, pudesse aparar o golpe da melhor forma possível, não cair no desespero e não ter uma reação impensada. Continuei em meu caminho, sem esperar pelo desfecho daquele diálogo. Mas que fiquei curioso de conhecer a tal verdade nua e crua, isso eu fiquei.

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