PEDRAS E BLINDADOS
Pedi a Nina que se acalmasse
Se ocultar é a lei
Não podemos expor nossas cabeças à
baioneta do inimigo
Eles desejam nos desarmar e
nos aniquilar
Andamos feito gatos em guetos
esgueirando pelos cantos
Ainda sentimos nas vestes
o cheiro de gás
Na mochila, um arsenal
e um livro de Maiakóvski
Na cidade vazia, uma população escondida
e amedrontada
Ao chegarmos trancamos a porta
Nossa casa dava-nos uma falsa
sensação de segurança
Que no fundo sabíamos não ter mais
Foi quando nos despimos para o banho
que notei em tuas costas
a marca da covardia da truculenta
repressão
De manhã acordei com Nina chorando
Eu sabia que não era dor
Era raiva
Ódio
Todo dia aqui e acolá
Surgindo mães chorando entes
queridos e desaparecidos
A era da pedra
Pedra contra blindado
Tropas de elite versus jovens idealistas
Cães famintos, latindo e legislando
em causa própria
Enquanto seus subalternos
jogam o lixo nos rios ou
em alto mar...
ou então sangram o asfasto.
*
Valter di Láscio
Nota: Não sei se o leitor já percebeu, mas toda a semana coloca poemas e contos, são literaturas e cordéis que sempre retratam o sofrimento do autor com relação afetiva e social de cada comunidade ou pessoa em que vivemos.
Portanto todas as que eu escolhi se vocês prestarem a atenção mostra característica que encaixam no dia desta comunidade de São Rafael/RN - principalmente esse acima
Nenhum comentário:
Postar um comentário