sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Soneto de linhagem

A Edmir Domingues
Ao vestir-me de branco, ressuscito
a glória de meu pai - a de ser puro:
a sua barba aproximando os seres
como um lírio de paz ou de sossego.

Meu porte branco e o porte do passado
passeiam nesta tarde paralelos,
conquanto este sorriso não complete
aquele que de amor deixou meu pai.

Meu pai guardou-se em mim. E permanece
na alvura natural de minhas vestes
exposto ao sol, ao sono e ao desespero.

Em breve passaremos já cansados,
deste meu corpo ao corpo de meu filho
— ambos nele por fim ressuscitados.

Audálio Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário