Lembro um olhar/Lembro um lugar/Teu vulto amado/Lembro um sorriso...” Assim diz a canção. Nada mais verdadeiro. Não conheço uma paixão que não tenha começado com um olhar, por rápido que seja, e quase sempre seguido de um sorriso.
A célebre frase de Leonardo da Vinci, “os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo”, é a tradução mais eloqüente da força eletrizante e dominadora dos apaixonados. Quem, na vida, não se prendeu a um olhar? Quando vem da paixão, sentimos logo, é invasor, magnetizante.
Hoje trago, na bagagem, verdadeira coletânea de encarceramentos sentimentais. Todos os olhares a mim dirigidos tiveram sua importância, mas existe um que marcou indelével minha alma. Aquele olhar negro, aveludado, suplicante e, ao mesmo tempo dominador, fisgou-me para sempre. O nome da autora é guardado no surrado cofre guardião de segredos inconfessáveis. Não por ser proibido, não existe amor proibido, todo amor é lícito e deve ser cultivado no florido jardim dos sentimentos, mas para ser só meu e de mais ninguém. Quero que este sentimento seja como um oásis e seu caminho só eu conheça e possa saciar a sofreguidão deste amor.
Na arte de amar, ninguém é melhor que ninguém, todos nós nos igualamos diante da avastadora força da paixão. Assim foi com o General Napoleão Bonaparte, grande figura da história universal, obediente às ordens de sua Josefina de Beauharnais. Foi com Lampião, sangrento bandoleiro do sertão nordestino que, diante do enternecedor olhar de sua Maria Bonita, tornava-se um obediente menino. Assim é comigo, assim é com você. Nada de teimosia; na arte de amar, não existe mestre, o segredo é deixar a alma vagar solta no maravilhoso mundo de Vênus, a bordo do seu carro puxado de lindos cisnes brancos.
Tadeu Arruda Câmara
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