A Escola Estadual Tristão de Barros constitui um patrimônio histórico do município de São Rafael. Esta, fundada em 1940, é a primeira Escola estadual deste município. Constitui-se, portanto, também um patrimônio afetivo. Talvez um dos últimos elos que nos ligam aos atos pueris, aos nossos primeiros conhecimentos formais, à construção do sentimento de pertença a uma instituição educacional.
Conforme a história recente e ainda tão viva em nossa consciência, já tivemos nossas terras espoliadas, já fomos arrancados do lugar físico que nos viu nascer, já vimos nossas casas serem aos poucos inundadas e as consequências dessa invasão ainda é tão pujante em nossas memórias...
Agora, num momento em que a seca se intensifica e revolve as ruínas do nosso berço, mostrando-nos o que restou da antiga São Rafael, outra vez somos golpeados. Ontem nos expulsaram do lugar. Hoje, tentam apagar o que resta de nossa História. Encontramo-nos qual Prometeu acorrentado: quando o fígado se recompõe os abutres atacam novamente. Entendemos que da mesma forma como da outra vez, quando da construção da barragem, que se contemplou apenas os interesses de uma elite já privilegiada, desta vez só o ego de uma minoria desavisada se deleita.
Essa minoria é a mesma que acompanhou os estertores da Escola sem buscar alternativas junto à comunidade escolar. À alegação da “baixa matrícula” aludida no Memorando nº 036/2014-SEEC, deveriam vir acrescidas as ações desenvolvidas por essa pasta para reversão desse quadro. Se elas existem, é um dever da SEEC publicizá-las, para que a comunidade exerça o direito de conhecê-las. Se, não existem, parece possível inferir que houve negligencia na atuação da 11ª DIRED. Conforme os relatos, o que foi feito, apenas assemelha-se ao que fazem os urubus que durante a seca esperam a vítima fenecer para se alimentarem de suas vísceras.
São essas, dentre outras ações da mesma estirpe, que contribuem para a derrocada da educação no Rio Grande do Norte. E, como prega o conhecimento popular: cada escola que se fecha, significa a abertura de uma prisão, mesmo que apenas metaforiacamente.
Mas ainda nos resta a voz e, se, inadvertidamente, agimos como alerta Maiakóvski, em Caminhos, poema que aqui adaptamos
Na primeira noite eles se aproximaram
e roubaram uma flor
do nosso jardim.
Nós não dissemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e... se não dissermos nada.
um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"
Mas nesse caso ainda temos muito o que dizer: nossa “oficina de luz” ainda não foi fechada e ainda restam “flores de esperança” A leoa está ferida, mas ainda não morreu. Compreendemos que, se para criar oficialmente uma Escola se faz necessário a publicação de uma portaria, que se constitui na sua certidão de nascimento, um memorando não pode ser a certidão de óbito. No máximo vamos considera-lo como boletim médico. Agora rafaelenses, assumamos a luta, para que nossa História não seja apagada e a Escola Estadual Tristão de Barros não morra à míngua.
Conclamamos a todas/os as/os rafaelenses presentes e ausentes para abraçarmos o prédio da EETB. Aguardem que postaremos data e horário.
Nos Rafaelenses deveríamos fazer uma movimentação nas ruas pra que seja registrado e fotografado e filmado para mandar pro governo, assembleia e a secretaria de educação, porque é assim que Livonete esta fazendo com as reuniões ai em nossa cidade e mostrando no governo junto com outra pessoas que querem o nome de Claudecir, então sera que as pessoas que estudaram no tristão vamos deixa uma pessoa que não faz parte de nossa cidade e da nossa estoria acabar com o nosso marco TRISTÃO DE BARROS, pessoal filhos de São Rafael que querem o nome TRISTÃO FAZENDO PARTE DE NOSSA ESTORIA, SE UNAM VAMOS SE MOVIMENTAR EM NOME DO TRISTÃO DE BARROS E CONTEM DESDE JA COMIGO.
Amilde Fonseca
CONVITE
Convidamos todas as cidadãs e cidadãos rafaelenses para um ato público em prol da preservação da memória de São Rafael e pela permanência da Escola Estadual Tristão de Barros.
O referido evento ocorrerá sábado, 22/02/2014, às 16h..
O ponto de concentração será em frente a Prefeitura Municipal a partir de onde faremos uma caminhada até a Escola Tristão de Barros e lá abraçaremos o prédio, demonstrando que a comunidade não aceita sua extinção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário