Por Sandra Camurça...
Um dia nu é o melhor dia de todos porque os outros não… A semana passa de dias bem compostos, alguns quase blindados, armados até o pescoço, ruidosos, mas ordeiros. Um dia nu não, um dia nu é distraído das horas, é indolente e bagunçado. Um dia nu parece criança, talvez um cronópio.
Tem sempre um louco dentro do dia nu, às vezes um louco silencioso, perdido em devaneios; às vezes um louco que pula e dança, dança, dança que cansa. Mas talvez o louco seja o próprio dia nu envolto em névoa púrpura numa jim jam session. Um louco viciante e punheteiro, um louco lança-porra satisfaction. Um louco e sua lança púrpura, afiada, cortando as delicadas asas das baratas. Um louco de asas patchwork barata. O dia nu voa como o pássaro mais veloz, o dia nu passa, pássara. Ele voa como um louco de asas fake. Dispense, dispense reiki, a melhor terapia é um dia nu assobiado na leseira.
Conselho: guarde seu dia nu, seu dia louco, em nichos, pode ser entre as páginas de seu livro mais sonholento ou em garrafas de vinho vazias, ou relicários…você escolhe. Não o deixe escapar. E, a cada dia nu, que são poucos, ainda que loucos, vá somando, um mais um, até que a soma resulte em um ano louco: 365 dias nus dedicados ao ócio risonho e ao vício gozoso.
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