sábado, 3 de setembro de 2011



Palavras
As palavras do amor expiram como os versos, 
Com que adoço a amargura e embalo o pensamento: 
Vagos clarões, vapor de perfumes dispersos, 
Vidas que não têm vida, existências que invento;
Esplendor cedo morto, ânsia breve, universos 
De pó, que o sopro espalha ao torvelim do vento, 
Raios de sol, no oceano entre as águas imersos 
-As palavras da fé vivem num só momento...
Mas as palavras más, as do ódio e do despeito, 
O "não!" que desengana, o "nunca!" que alucina, 
E as do aleive, em baldões, e as da mofa, em risadas,
Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito: 
Ficam no coração, numa inércia assassina, 
Imóveis e imortais, como pedras geladas.

Olavo Bilac

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