terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Líderes de PT e PMDB articulam aliança com rompimento de Garibaldi e Rosalba


Lideranças políticas nacionais do PMDB e do PT articulam um acordo com vistas a "selar o rompimento do PMDB com o DEM" no Rio Grande do Norte. A possibilidade foi abordada nesta segunda-feira na coluna "Painel", da Folha de S. Paulo. Na costura, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho (PMDB), seria candidato a governador em 2014 e apoiaria uma candidatura da deputada federal Fátima Bezerra (PT) ao Senado Federal. A articulação teria o aval do vice-presidente da República, Michel Temer, e da presidente Dilma Rousseff, e contaria com a participação do presidente da Câmara, Henrique Eduardo, do ministro Garibaldi e da deputada Fátima Bezerra.

"Garibaldi Alves, ministro da Previdência, deverá disputar o governo do Rio Grande do Norte. Na campanha, ele apoiará a candidatura da atual deputada federal Fátima Bezerra (PT-RN), que disputará o Senado", informa a jornalista Vera Magalhães, que edita a coluna do jornalão paulista. "A chapa encabeçada pelo ministro selará o rompimento com o DEM em seu Estado, uma cobrança da presidente Dilma", conclui ela.

QUADRO

A especulação, na avaliação do cientista político Antonio Spinelli, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), surge em meio a um quadro de profundo desgaste da administração do DEM no Rio Grande do Norte e após o ministro Garibaldi, numa entrevista recente, apontar na direção de um afastamento em relação ao governo. "Parece que Henrique tem uma postura um pouco diferente, tentando salvar a aliança. Tem também um movimento recente da própria governadora, para tentar recompor a base política dela, sobretudo, salvar a aliança com o PMDB. Por outro lado, a aliança nacional do PMDB com o PT está firme cada vez mais. Inclusive entre outras razões por esse movimento do PSB do governador Eduardo Campos. E o PT sente a necessidade mais consistente da aliança com o PMDB", avalia Spinelli.

Na visão do cientista político, o governo Dilma está bem avaliado com a presidente com muitas chances de reeleição, o que favorece o interesse do PMDB em permanecer como principal aliado. E já que o PMDB quer manter a vaga de vice para Michel Temer, nada mais justo que o PT cobrar do PMDB coerência total em relação ao governo. Neste caso, é uma incoerência a aliança do PMDB com o DEM no Rio Grande do Norte "Só um tsunami na economia ou um escândalo político de grande proporção poderiam abalar a reeleição da presidente – embora, em política, não se possa fazer previsões tão antecipadas e eleição seja imprevisível".

DESGASTE

Apesar do quadro nacional, para o professor Antonio Spinelli, o ponto central de um eventual rompimento entre PMDB e DEM no RN seria o desgaste do governo estadual, "muito profundo, e que dificilmente a governadora se recuperará disso". Segundo ele, "para o PMDB, e o ministro Garibaldi percebeu, é desgastante manter a aliança. O PMDB do RN está de olhos nas eleições", identifica.

"Acho que nesse quadro, essa especulação Garibaldi governador, Fátima senadora, numa aliança entre PMDB e PT, tem certa consistência", continua o cientista político. "Já vem se falando nisso há algum tempo, não é grande novidade, até porque, a seu turno, a deputada Fátima Bezerra foi reeleita deputada, tem um mandato consolidado, com chances para se reeleger deputada ou para ir ao Senado, e aí vai depender de compor as aspirações de cada um", continuou o professor da UFRN.

Ainda conforme Spinelli, uma aliança política é importante para a eleição de bancadas razoáveis no Congresso e na Assembleia. "Sem aliança é difícil para qualquer partido eleger uma bancada razoável e me aparece que os dois partidos (PT e PMDB), de certa maneira, pelo andamento, podem estar sendo jogados nessa aliança", avalia.

Contudo, segundo ele, essa aliança, que depende do rompimento do PMDB com o DEM, só se consolidaria no ano que vem. "Não acredito que as coisas estejam cosolidadas, é preciso esperar um pouco mais. Tem o ano inteiro pela frente, e tenho a impressão de que 2014, lá para março ou abril, haverá a definição do quadro".
Por: Alex Viana - Jornal de Hoje

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