terça-feira, 26 de fevereiro de 2013







Levar surra de mutuca
Caminhar pelos espinhos
Pegar coroa de frade
Pra arrancar os peitinhos
Só quem anda pelo mato
Conhece esses segredinhos

Brincar com a meninada
Com galinha de pereiro
Botar venta de cachorro
Na boca de um formigueiro
E um pedaço de pendão
Pra atravessar o barreiro

Armar quixó em vereda
Pra espreitar punaré
Pegar caçote com imbira
Comer quixaba no pé
E amassar lata velha
Pra vovó torrar café

Meu leite era natural
Pois na vaquinha eu mamava
Eu apojava num peito
Meu irmão n’outro apojava
E assim o nosso café
Pra gente nada faltava

Lembro com muita saudade
Das apanhas de algodão
Mamãe fazendo o comer
Vovó batendo o pilão
Papai ensacando os fardos
Esperando o caminhão

A gente no pé do rádio
Naquela alegria só
Ouvindo o nosso programa
Na cumbuca do forró
Chegando a voz do Brasil
Todos nós sentíamos dó

Isso são cenas reais
Da minha vida na roça
Mas tristeza não se via
Naquela linda palhoça
O bom é vencer na vida
Com honradez e mão grossa
Helio Crisanto

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