sábado, 3 de setembro de 2011

Ser livre

Não tenho de dar satisfação para ninguém do que faço ou deixo de fazer. Levanto-me e deito-me à hora que me convém. Almoço e janto quando bem entendo. Vou para onde me dá vontade de ir e recebo em minha casa quem eu quero. Enfim, sou livre. Certo? Errado. Livre de verdade eu seria se pudesse fazer coisas que contribuem para o meu bem-estar e deixar de fazer aquelas que não consigo evitar, apesar de em nada me ajudarem. Livre eu seria se pudesse ir aonde de fato deveria ir, sem estar sujeito às amarras que me impedem de fazê-lo. E também se minha casa fosse amiúde frequentada pelas pessoas agradáveis que conheço, por a considerarem agradável. Livre seria se, ao rememorar o passado, não sentisse o peso do remorso de atitudes lamentáveis que tive, e de, em determinadas ocasiões, não haver agido diferentemente de como agi. Ser livre não significa apenas prescindir de dar satisfações de nossos atos, nem de usarmos o tempo e o espaço a nosso bel-prazer. Ser livre é, antes de tudo, estar em paz com nossa consciência e manter um diálogo franco e sem subterfúgios com nós mesmos. 

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