segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Poema

Caatinga


Caatinga
Gilberto Costa

Não sou conhecida por Maria
Nem também me chamo José.
Fui crescida no chão da alegria
E cultivada no estrume da fé!
Já concebi vários filhos
Sem nenhum chamar-se Jesus!
Sou agasalho... Sou ar... Luz...
Energia! Mas, vivo a sofrer
Sem você ainda perceber.
Sinto dor... Tenho minha cor,
Mas não sou racista. Sou bonita,
Perdão, bela! E esquento sua panela!
Não sou Iracema; sou Jurema...
Pereiro... Marmeleiro... Cardeiro...
Catingueira... Pau D’arco... Juazeiro!
Sou tudo de bom para você:
Sou cama... Sou mesa... Chama...
Sou seu assento... Seu buquê!
Mas, não sei ainda porquê
Você me maltrata e me mata!
Quando você se divorcia
Encontra outra mania!
Mas toda vez que me arranca
Esvazia minha família...
Eu sou Caatinga você homem!
Sua evolução é minha crucificação!
É o Sertão nu... É a devastação...
A fragilidade da sua construção!
Poeta e vice-prefeito de Caicó

2 comentários:

  1. O poema além de sua beleza mostra uma realidade que é o problema da desertificação, problema esse que já deveria ter sido resolvido em nosso estado, se os políticos exercesse seu papel, pois o pólo gás sal através do gasoduto nordestão que liga a cidade de Guamaré a Recife-PE poderia beneficiar as olarias do vale do assu, Seridó, alto oeste e dessa forma poderia trocar as fontes de energia dessas indústrias, pois hoje trabalham de forma ilegal e geram muita queima de madeiras oriundas da caatinga e isso só gera problemas e mais problemas no nosso meio ambiente.

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  2. Meu Torrão
    Sertão terra de baião
    Terra de Gonzagão
    Terra dos invernos
    Terra dos meus velhos
    Terra de amor
    Terra do meu senhor
    Terra de alvoradas
    Terra de chuvas hilárias
    De brincadeiras constantes
    Terra de forró
    Terra de alegria
    Terra de todo dia
    A se eu voltasse aquela terra
    Poderia se misturar as culturas
    Costumes e dizeres
    E aos prazeres
    Que aquela terra tem
    Já ouvi falar de várias terras,
    Mas igual aquela jamais
    Sentirei tamanhas saudades
    Que me invade o coração
    De um sertanejo órfão de seu torrão.

    Poema de Rodrigo Cortez.

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