domingo, 12 de dezembro de 2010

Soneto 97 - William Shakespeare

Como o inverno, tornou-se minha ausência
De ti, o prazer com que passou o ano!
Que frio senti, que dias negros eu vi!
A estiagem de dezembro espalhou-se por toda a parte!
E longe .cava, então, o verão,
O próximo outono, crescendo com toda a força,
Suportando o luxurioso peso do início,
Como úteros viúvos após a morte de seus senhores;
Embora esse farto assunto me pareça
A esperança de órfãos, e de frutos sem ascendência,
Pois o verão e seus prazeres servem a eles,
E, embora distante, os mesmos pássaros emudeçam;
Ou, se cantam, emitem um trinado tão mortiço,
Que as folhas empalidecem, por temerem o inverno.

William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 23 de abril de 1564 - Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1616) - Poeta e dramaturgo inglês. Mundialmente conhecido por suas peças de teatro (Hamlet, Romeu e Julieta, Otelo, Sonho de uma noite de verão, Henrique V e muitas outras), que atravessam os séculos sendo montadas e profundamente estudadas, publicou 154 sonetos, com primeira edição datada em 1609. Os poemas foram vertidos para o português em diversas ocasiões, aqui, a tradução escolhida é a de Thereza Christina Rocque da Motta.

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