terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Poema

Soneto 1 -

Dentre os mais belos seres que desejamos enaltecer,
Jamais venha a rosa da beleza a fenecer,
Porém mais madura com o tempo desfaleça,
Seu suave herdeiro ostentará a sua lembrança;
Mas tu, contrito aos teus olhos claros,
Alimenta a chama de tua luz com teu próprio alento,
Atraindo a fome onde grassa a abundância;
Tu, teu próprio inimigo, és cruel demais para contigo.
Tu, que hoje és o esplendor do mundo,
Que em galhardia anuncia a primavera,
Em teu botão enterraste a tua alegria,
E, caro bugre, assim te desperdiças rindo.
Tem dó do mundo, ou sê seu glutão –
Devora o que cabe a ele, junto a ti e à tua tumba.

William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 23 de abril de 1564 - Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1616) - Poeta e dramaturgo inglês. Mundialmente conhecido por suas peças de teatro (Hamlet, Romeu e Julieta, Otelo, Sonho de uma noite de verão, Henrique V e muitas outras), que atravessam os séculos sendo montadas e profundamente estudadas, publicou 154 sonetos, com primeira edição datada em 1609. Os poemas foram vertidos para o português em diversas ocasiões, aqui, a tradução escolhida é a de Thereza Christina Rocque da Motta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário