quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Poema

Todo -

para N
TODO DIA É LONGO. Todo dia é vermelho. As linhas não
alcançam. O parto corta o meio. Limbo numa fresta. Todo
dia não termina. Todo sol é vermelho. A chuva volta. A chave
abre. A chave fecha. A porta, o caminho, o doce, úmido, vulto.
TODO DIA. Pintas na cara do dia. Encontros. Todo dia volta.
O verão é vermelho. Nada volta. Nada foi. Tudo. TODO. Todo
dia é outro. Instante vermelho. Mesmo mil vezes. Repetido.
Repetindo. De novo outro. Nenhum. Em nenhum. Nenhum
mesmo. Réstia. Restinga. Filtro branco. Fumaça de ônibus
velho. Acelerador de partículas. Todo dia encerra. Teu cabelo
vermelho. Meu mamilo vermelho. Tua unha vermelha. Minha
ponta vermelha. Vermelho são cores. Todas as cores. Todo.
TODO DIA é.

Ericson Pires nasceu no Rio de Janeiro. É poeta, performer. Fundador do Grupo Hapax, também é editor da Revista Global Brasil e militante da Rede Universidade Nômade. Doutor em Estudos de Literatura pela Puc-Rio é Professor Adjunto do Instituto de Artes da UERJ e participa do PACC (Programa Avançado de Cultura Contemporânea) da ECO-UFRJ. Publicou Cinema Garganta, em 2002; Cidade Ocupada, 2007 e acaba de publicar Pele Tecido

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