segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poema

Formiga -


sozinho nas imensidões profundas
sou mais formiga sobre migalhas de açucar
e formiga que se perdeu da fila
e agora vaga
formiga de uma vaguidão completa
formiga desdentada
cariada
estes inóspitos tratamentos dentários

sozinho nas amplidões profundas
sou mais formiga sem nem migalhas de açucar
mais formiga flutuante
formiga furacão lilás
nestas revoluções metálicas do algodão doce

sozinho nestas imersões profundas
sou estas nuvens de algodão que derretem na língua
e me derreteria se a língua fosse tua
e se eu fosse parte deste gosto estalado
quando a nuvem carregada na chuva
explode no céu da boca e chove delícias
formiga faz bem pra vista

sozinho nas imensidões, amplidões, imersões,
sozinho...

volta
volta que sem você eu sou formiga que se perdeu na fila
volta dessa terra distante e vamos passear
de antenas dadas
por estas migalhas de nuvens
que estalam com pingos de chuva
nos céus das nossas bocas

Domingos Guimaraens nasceu no Rio de Janeiro em 1979

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