segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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A palavra

Postado por Paulo Coelho em 10 de janeiro de 2010 às 23:56

A palavra é a intenção final de qualquer pessoa que deseja dividir algo com o seu semelhante.

William Blake dizia: tudo que escrevemos é fruto da memória ou do desconhecido. Se eu tiver uma sugestão a dar, respeite o desconhecido, e busque nele sua fonte de inspiração.

As histórias e os fatos permanecem os mesmos, mas quando você abre uma porta no seu inconsciente, e deixa-se guiar pela inspiração, verá que a maneira de descrever o que viveu ou sonhou é sempre muito mais rica quando o seu inconsciente está guiando a caneta.

Cada palavra deixa em seu coração uma lembrança – e é a soma destas lembranças que formam as frases, os parágrafos, os livros.

Palavras são flexíveis como a ponta da pena de sua caneta, e entendem os sinais do caminho. Frases não hesitam em mudar de curso quando descobrem, quando vislumbram uma oportunidade melhor.

Palavras têm qualidade da água: contornar rochas adaptar-se ao leito do rio, às vezes transformar-se em lago até que a depressão esteja cheia e possa continuar seu caminho.

Porque a palavra, quando escrita com sentimento e alma, não esquece que seu destino é o oceano de um texto, e mais cedo ou mais tarde deverá chegar até ele.

O verdadeiro respeito.

Durante a evangelização no Japão, um missionário foi preso por samurais.

-Se quiser continuar vivo, amanhã terá que pisar a imagem de Cristo, diante de todos – disseram os guerreiros.

O missionário foi dormir, sem nenhuma dúvida no coração: jamais cometeria tal sacrilégio, e estava preparado para o martírio.

Acordou no meio da noite, e ao levantar-se da cama, tropeçou num homem que dormia no chão. Quase caiu para trás: era Jesus Cristo em pessoa!

-Agora que já pisou em mim, vá lá fora e pise na minha imagem – disse Jesus. -Porque lutar por uma ideia é muito mais importante que a vaidade de um sacrifício.

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